domingo, 15 de junho de 2014

Humor e pressão arterial: fatores psicofisiológicos da hipertensão

Quando se fala em pressão arterial alta, a sabedoria popular costuma associá-la diretamente ao estresse e modo de vida exaustivo. Uma associação que faz sentido quando pensamos na imagem de um adulto estressado, tipicamente com o coração acelerado e face corada. Decerto esse comportamento não pode trazer bons frutos.
Ao partir para um estudo sobre esse tema, encontramos que o risco de desenvolvimento de hipertensão arterial e reatividade cardiovascular pode estar relacionado a fatores emocionais como ansiedade, hostilidade, estresse, impulsividade e raiva (FONSECA, 2009). Considerando a complexidade subjetiva do ser humano e suas peculiaridades genotípicas, a maioria das pesquisas mostra que não é possível estabelecer relação direta com certeza, mas há boas evidências de que a hipertensão apresenta variabilidade de acordo com o humor dos pacientes.
       Em um estudo de Pugliese (2007), um grupo de pacientes com hipertensão não controlada foi submetido a um teste para avaliar a eficácia da intervenção psicológica associada à terapia farmacológica para redução de risco coronariano. Foram três programas de tratamento distintos: o grupo TC recebeu tratamento farmacológico convencional; o grupo GO recebeu tratamento farmacológico e participou de um programa de orientação para controle dos fatores de risco cardiovascular; o grupo IPEV recebeu tratamento farmacológico e obteve intervenção psicológica no sentido de reduzir o nível de estresse e mudar o comportamento alimentar. 

A principal medida de avaliação foi o índice de risco de Framingham (p = 0,001) e o grupo TC teve uma redução média de risco de 18%, o grupo GO um aumento de 0,1% e o grupo IPEV uma redução média de 27%. Nesse sentido, fica claro o papel da intervenção psicológica, evidenciando a importância da redução de estresse para esse tipo de paciente.

             Na literatura também encontra-se relação entre os fatores de risco associados à hipertensão como obesidade, fumo e consumo de sódio e o próprio estado de estresse, o que potencializa o risco de desenvolvimento de hipertensão e outros males cardiovasculares. Portanto, ainda que a maioria das pesquisas qualifique os resultados como inconsistentes ou “modestos”, todos sugerem o controle do estresse como algo importante no tratamento da hipertensão arterial. 

(por Flora Orofino Teles)


Bibliografia

FONSECA, Fabiana de Cássia Almeida et al. A influência de fatores emocionais sobre a hipertensão arterial. J. bras. psiquiatr.,  Rio de Janeiro,  v. 58, n. 2,   2009.

GASPERIN, Daniela et al . Effect of psychological stress on blood pressure increase: a meta-analysis of cohort studies. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 25, n. 4, Apr.  2009.

PUGLIESE, Rita et al . Eficácia de uma intervenção psicológica no estilo de vida para redução do risco coronariano. Arq. Bras. Cardiol.,  São Paulo,  v. 89, n. 4, Oct.  2007.

CASTRO, Adélia Paula de; SCATENA, Maria Cecília Morais. Manifestação emocional de estresse do paciente hipertenso. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 12, n. 6, Dec.  2004.

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