Quando se fala em pressão arterial alta, a
sabedoria popular costuma associá-la diretamente ao estresse e modo de vida
exaustivo. Uma associação que faz sentido quando pensamos na imagem de um
adulto estressado, tipicamente com o coração acelerado e face corada. Decerto
esse comportamento não pode trazer bons frutos.
Ao partir para um estudo sobre esse tema,
encontramos que o risco de desenvolvimento de hipertensão arterial e
reatividade cardiovascular pode estar relacionado a fatores emocionais como
ansiedade, hostilidade, estresse, impulsividade e raiva (FONSECA, 2009). Considerando
a complexidade subjetiva do ser humano e suas peculiaridades genotípicas, a
maioria das pesquisas mostra que não é possível estabelecer relação direta com
certeza, mas há boas evidências de que a hipertensão apresenta variabilidade de
acordo com o humor dos pacientes.
Em um estudo de Pugliese
(2007), um grupo de pacientes com hipertensão não controlada foi submetido a um
teste para avaliar a eficácia da intervenção psicológica associada à terapia
farmacológica para redução de risco coronariano. Foram três programas de
tratamento distintos: o grupo TC recebeu tratamento farmacológico convencional;
o grupo GO recebeu tratamento farmacológico e participou de um programa de
orientação para controle dos fatores de risco cardiovascular; o grupo IPEV
recebeu tratamento farmacológico e obteve intervenção psicológica no sentido de
reduzir o nível de estresse e mudar o comportamento alimentar.
A principal
medida de avaliação foi o índice de risco de Framingham (p = 0,001) e o grupo
TC teve uma redução média de risco de 18%, o grupo GO um aumento de 0,1% e o
grupo IPEV uma redução média de 27%. Nesse sentido, fica claro o papel da
intervenção psicológica, evidenciando a importância da redução de estresse para
esse tipo de paciente.
Na literatura
também encontra-se relação entre os fatores de risco associados à hipertensão
como obesidade, fumo e consumo de sódio e o próprio estado de estresse, o que
potencializa o risco de desenvolvimento de hipertensão e outros males cardiovasculares.
Portanto, ainda que a maioria das pesquisas qualifique os resultados como
inconsistentes ou “modestos”, todos sugerem o controle do estresse como algo
importante no tratamento da hipertensão arterial.
(por Flora Orofino Teles)
Bibliografia
FONSECA, Fabiana de Cássia Almeida et al. A influência de fatores emocionais sobre a hipertensão arterial. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 58, n. 2, 2009.
GASPERIN, Daniela et al . Effect of psychological stress on blood pressure increase: a meta-analysis of cohort studies. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, Apr. 2009.
PUGLIESE, Rita et al . Eficácia de uma intervenção psicológica no estilo de vida para redução do risco coronariano. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 89, n. 4, Oct. 2007.
CASTRO, Adélia Paula de; SCATENA, Maria Cecília Morais. Manifestação emocional de estresse do paciente hipertenso. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 12, n. 6, Dec. 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário